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POLÍTICA

Everaldo Anunciação:quem sabe onde quer ir, sabe como chegar

Patrícia França

Por Patrícia França

04/10/2015 - 21:36 h
Everaldo Anunciação
Everaldo Anunciação -

A reestruturação que a presidente Dilma Rousseff fez no governo, diminuindo o poder do PT e dando mais espaço ao PMDB, não significa, na avaliação de Everaldo Anunciação, que os projetos estratégicos, com ênfase nas políticas sociais, serão prejudicados. O petista, que já discute com aliados as eleições de 2016, considera positivo a ida do ex-governador Jaques Wagner para a Casa Civil e diz que o impeachment só interessa ao DEM e ao PSDB. "Eles estão com medo do retorno do Lula em 2018".

A ida do ministro Jaques Wagner para a Casa Civil do governo vai conseguir resolver a falta de articulação política da presidente Dilma Rousseff com a sua base no Congresso?
Penso que a experiência que o ex-governador Jaques Wagner tem, a partir da administração no governo da Bahia e no governo Lula, vai permitir uma melhor articulação porque ele tem como prática política essa amplitude, esse olhar republicano. Neste momento de reestruturação, o que o governo precisa é de alguém que tenha capacidade de dialogar com o Congresso, com o Senado e com outros segmentos sociais. Wagner vai cumprir bem isso.

Algumas pessoas dizem que o Brasil saiu perdendo com a reforma, porque fez essa negociação com o baixo clero do PMDB, mas a Bahia saiu ganhando porque promoveu Jaques Wagner. O que o senhor achou dessa troca?
As negociações fazem parte da política. O que o governo e a presidenta não vão perder é sua autoridade. E o que o PT espera, e tem certeza desse compromisso de Dilma, são os projetos estratégicos para o Brasil pautado na política social. Então, essa relação se estabelece com uma parte do PMDB e do Congresso que tem disposição de apoiá-la. É uma movimentação natural que para a Bahia, claro, nós estamos contentes pela capacidade de Wagner de intervir no governo, com a expectativa que tem o PT, a base aliada e a sociedade brasileira.

Mas a reforma tem recebido criticas ferrenhas dentro do PT. A entrega do estratégico Ministério da Saúde para o PMDB, por exemplo, foi condena por todas as correntes do partido. Qual sua opinião?
Penso que quando se vai fazer uma reestruturação é óbvio que a negociação parte de quem tem o comando e tem que estar mais suscetível e disposto a fazer perdas. Então, a diminuição do PT (no ministério) não significa a diminuição dos compromissos do governo. Há alguns ministérios sociais que o PT tem tradição (de ocupar), mas não são direitos adquiridos. Não é a primeira vez que em governo administrado pelo PT, desde Lula, estas pastas não estiveram, em algum momento, com o PT e, nem por isso, comprometeram a estratégia e o objetivo. É legítimo que alguns companheiros possam estar insatisfeitos, mas eu tenho certeza que o que a presidenta está fazendo, e que nós do PT vamos fazer, é dar sustentação a isso baseado no compromisso das políticas públicas.

O senador Walter Pinheiro, por exemplo, disse que a reforma ministerial foi para o saco. Ou seja, quem esperneou levou mais. O PT ficou refém do PMDB?
Não acredito. O PMDB tem um peso significativo em todo cenário da política nacional, e no Congresso é indiscutível. O partido tem a maior bancada que lhe dá o direito de reivindicar (mais espaço). O PT também está muito bem representado do ponto de vista quantitativo e qualitativo. Agora, claro que, com a diminuição de espaço e de ministério, insatisfações iriam surgir.

O fato de secretarias como a da Igualdade Racial, de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos perderem status de ministério não afasta o governo das suas bases históricas, num momento em que há um distanciamento do PT com os movimentos sociais e sindicais?
Primeiro, é preciso compreender que havia um clamor da sociedade sobre a melhoria de gestão e a diminuição dos espaços. Segundo, o governo está fazendo contenção de despesas e uma reestruturação da máquina pública. Então, não há porque gente contestar a diminuição (da estrutura). A ocupação dos espaços que o PT detém agora, a fusão de ministérios, não significa o abandono das políticas. O que o movimento social quer, com certeza, é que as políticas continuem acontecendo. E não estamos falando em reduzir as políticas, mas os espaços burocráticos da máquina para diminuir as despesas.

Mas estes segmentos argumentam que a economia com a extinção e fusão desses ministérios seria ínfimo, enquanto há sérios riscos para a continuidade de políticas específicas e...
Não haverá comprometimento das políticas e a presidenta Dilma, o PT, a base aliada e a própria sociedade, estarão avaliando se essa fusão de ministérios irá trazer prejuízo para a execução das políticas públicas. Já tivemos experiência de fusões como a que foi feita aqui na Bahia, pelo governador Rui Costa (extinguiu seis secretarias e criou três), e isso não trouxe prejuízo para a intervenção e ação da política na sua ponta. Agora, não podemos negar que no estado brasileiro, nas esferas federal, estadual e municipal, há necessidade de rediscutir o seu custo-benefício para que a sociedade possa se apropriar mais de suas ações.

Mesmo cedendo às exigências do PMDB, a presidente Dilma enfrenta grande resistência no Congresso para aprovar o ajuste fiscal. A aprovação da CPMF, crucial para o governo, não terá apoio nem de alguns petista, caso do senador Walter Pinheiro e do deputado federal Luiz Caetano, que chegou a pedir a saída do ministro Levy (Fazenda) A presidente resistirá?
Nós já estamos entrando numa situação em que não só o setor popular, mas também o produtivo, compreendeu que esta tentativa de afastamento de Dilma (do poder), além de ser ilegal, é uma ação meramente política de quem ainda não incorporou a derrota nas últimas eleições. É um equívoco que só dá mais instabilidade. As medidas que a presidenta está apresentando ainda vão passar um processo de debate. Nós do PT estamos defendendo a CPMF, mas nós estamos propondo uma faixa para isenções para que o imposto não recaia sobre os trabalhadores e as classes de menor renda. O que a gente não pode se negar a discutir é que o Congresso está cometendo a irresponsabilidade de tomar medidas que vão ter que levar, se assim continuarem, a mais impostos. São decisões que desestabilizam e põem em risco a previdência, o emprego, a inflação.

O TCU está para julgar as pedaladas fiscais da presidente, e o TSE, possível crime eleitoral na campanha. A entrada do ex-preside Lula nas negociações com os aliados é uma tentativa de salvar a presidente do impeachment no Congresso?
Não, é uma tentativa de o PSDB e do DEM, que vêm sofrendo derrotas contínuas em eleições no Brasil, de fechar um círculo contra a possível candidatura do presidente Lula em 2018. Eles estão com medo do retorno do Lula e de o PT completar o quinto mandato consecutivo. Eles querem apelar para a judicialização das eleições. O povo elegeu democraticamente Lula por duas vezes, Dilma duas vezes, e já sinaliza essa discussão (da volta) de Lula. Vamos fazer o debate. Se o PSDB e o DEM têm candidaturas fortes, têm compromisso com o Brasil. Vamos fazer o exercício da democracia, com disputa, não com a tentativa absurda de incriminação de Dilma e de Lula. Tem que ter farinha no saco e convencer o eleitorado, que está vendo a diminuição do DEM e do PSDB a cada pleito.

Então Lula é mesmo o nome do PT em 2018?
É o nome mais citado. A vontade no PT é o retorno do presidente Lula.

E na Bahia, qual o impacto que a crise econômica terá nas eleições municipais de 2016?
A gente vai para uma eleição com um ganho, porque não pode o Congresso Nacional fazer subterfúgio com a questão do financiamento empresarial. É uma pena que aqueles que estão chamando para ir às ruas, que estão defendendo a regularidade dentro do processo eleitoral, como parte do PMDB, do PSDB e do DEM vote a favor do financiamento empresarial. E que o presidente da Câmara (Eduardo Cunha, do PMDB-RJ), quer colocar a toque de caixa para ser votado e valendo para 2016. A gente sabe que está vivendo um momento de questionamentos da sociedade sobre ética, sobre moral. Uma boa oportunidade de preparar as eleições de 2016 é acompanhar aquilo que o STF determinou e que a presidente acompanhou ao vetar o financiamento. Mas é claro que várias prefeituras têm passado dificuldade e as pessoas que cobram o uso da máquina para o processo eleitoral, esses terão dificuldade (der se eleger). Mas a eleição de 2016 será mais qualitativa, vai favorecer os que tem mais princípios, ética, quem tem projeto.

O partido terá condições de eleger prefeitos e ter nome forte para disputar a prefeitura de Salvador e fazer frente ao prefeito ACM Neto (DEM)?
Primeiro, a nossa estratégia nestas eleições é que a gente use aquilo que deu certo: a política de aliança, de unidade na base aliada. Segundo, a gente quer fazer frente ao projeto antagônico ao nosso. Queremos juntar todos aqueles que ajudaram a construir um Brasil melhor, uma Bahia melhor, contra aqueles que querem o retrocesso, que querem vender a Petrobras, ter uma política cada vez mais de concentração de renda. Salvador terá um olhar especial. A tese do PT na capital é a mesma: manter a política de aliança, discutir a estratégia com os partidos da base aliada e se nós vamos pulverizar candidaturas, se vai ter candidatura única. O PT quer se associar a esse projeto. Nós temos bons nomes, uma história de construção. E nós temos uma certeza: ninguém é imbatível, aqueles que pensavam ganhar as eleições para o governo contra Rui (Costa), em 2014, e ganhar as eleições na capital com mais de 800 mil votos, só conseguiram 200 mil e perderam as eleições.

Em Salvador o PT deve disputar a indicação com aliados históricos, como o PCdoB que deve confirmar a candidatura da deputada federal Alice Portugal. O PT vaia aceitar abrir mão da cabeça na chapa?
Se a conclusão das nossas discussões levarem a entender que o PT deve abrir mão, nós podemos chegar a isso. Óbvio que é uma legitimidade do PT ter candidatura, como é legítimo a candidatura de Alice, como é a de Edivaldo Brito (PTB), do deputado Pastor Isidório (PT), como é legítimo que o PSD e demais partidos possam apresentar nomes para a gente chegar a um entendimento coletivo. O que nós concordamos é que Salvador não pode ser governado por alguém que não vê a cidade como um todo. Não pode ter uma administração que olha para a Barra, para o Rio Vermelho e deixa acontecer a morte de 22 pessoas, como foi o caso recente (em desabamentos causados pelas chuvas), por falta de planejamento e dedicação às pessoas pobres e que vivem áreas de risco

O senador Walter Pinheiro já disse que não disputará Salvador, alegando que não teve apoio do partido em 2008. Quem são os nomes do PT em 2016 ?
Temos uma poupança histórica, com companheiros como Nelson Pelegrino (secretário do Turismo), que disse não ser candidato, e o senador Walter Pinheiro, que gerou esse debate aí (divergências com o PT). Mas nós temos nomes consagrados que já se colocaram se for necessário, como os deputados federais Valmir Assunção e Jorge Solla; o vereador Gilmar Santiago e uma série de lideranças. Nosso debate maior não são as pessoas, são os projetos. Por isso estamos muito tranquilos. Temos nomes e a gente quer discutir a estratégia eleitoral. Quem sabe onde quer ir, sabe como chegar.

Como o PT vai se comportar nos grandes municípios, como Ilhéus, Vitória da Conquista, Irecê, Camaçari, onde a disputa se dará dentro do PT, já que em alguns locais o partido não aceita apoiar a reeleição do prefeito aliado?
Fazendo aquilo que o PT aprendeu, fazendo o consenso progressivo, o debate interno, criando as condições para o entendimento. Estamos fazendo isso em Camaçari, iniciando as conversas em Vitória da Conquista, e temos a tranquilidade de dizer que nós haveremos de construir a unidade como construímos na eleição de 2014. A oposição apostava que teríamos prévia para escolha do governador, com grandes nomes como os dos companheiros Sérgio Gabrielli, Luiz Caetano, Walter Pinheiro, Rui Costa disputando, e nós construímos a unidade. Ou seja, mesmo com essas diferenças internas, temos a unidade porque sabemos que não podemos retroceder nas políticas que melhoraram a vida das pessoas.

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