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Editorial - Sigilo ou transparência

Publicado domingo, 17 de abril de 2022 às 00:01 h | Autor: Da Redação
Como se tivesse algo a esconder, e sem calar declarações prenhes de desfaçatez, Bolsonaro tem desprezado a prestação de contas
Como se tivesse algo a esconder, e sem calar declarações prenhes de desfaçatez, Bolsonaro tem desprezado a prestação de contas -

Sigilo pode ser considerado um valor em casos específicos, como estratégias de concorrência comercial, nas quais não se deve mostrar a tática, mas seu antagônico, a transparência, é condição para o bom relacionamento de um governo e seus cidadãos.

Como se tivesse algo a esconder, e sem esforçar-se para calar declarações prenhes de desfaçatez, Jair Bolsonaro tem desprezado a prestação de contas, algo pertinente ao escopo da função de gestor.

A metáfora de faces de uma mesma moeda cabe para ilustrar o aceite de parte dos brasileiros e representantes das instituições republicanas em geral, de um lado, tendo do outro o chefe do Executivo, ecoando tons sem melodia deste desafinado concerto.

Seria temer errar não admitir como de evidente descaro o fato de o presidente ter utilizado de seu poder emanado por 57 milhões de eleitores para decretar 100 anos de silêncio sobre conteúdos tratados com pastores lobistas.

Pretende o senhor chefe do Executivo propor o pleno conhecimento das malsãs tratativas para os bisnetos ou tataranetos das atuais gerações com previsão de virem à lume as notícias apenas no ano de 2122.

Poderiam os crédulos considerar a proposta uma manifestação jocosa do perfil reconhecidamente espontâneo da pessoa da principal autoridade do Brasil: é preciso esforço para acreditar ser verdade tal disparate.

Não se espera este comportamento de quem persuadiu tanta gente com o desgastado discurso de uma moralidade imbatível, ao proteger possíveis tramas danosas à soberania, supostamente ocorridas em reuniões do Ministério da Educação.

Protegido por setores conservadores das Armas, apoiado por parlamentares agraciados com mimos polpudos, no chamado Centrão, o líder nacional tem ainda em sua defesa fatia considerável do eleitorado, segundo recentes pesquisas.

Sente-se, com este bloco histórico favorável, à vontade para seguir mantendo o breu, receoso de lançar luzes sobre o grande cartel de enigmas registrados desde antes de tomar posse.

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