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Anfavea prevê queda de 10% na produção

Publicado terça-feira, 08 de julho de 2014 às 09:42 h | Autor: Carla Araújo, Estadão Conteúdo
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A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) revisou para baixo a expectativa de produção de veículos neste ano. Na nova estimativa, divulgada ontem, a produção deve recuar 10%, para 3.339 milhões de unidades, a maior queda desde 1998.

No início do ano, a entidade projetava expandir a produção em 1,4%. Mesmo com Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) reduzido, a produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus tem acumulado forte queda ao longo deste ano. Em junho, a produção de veículos somou 215.934 unidades, queda de 23,3% na comparação com maio e recuo de 33,3% em relação a junho de 2013. Nos seis primeiros meses, a queda foi de 16,8% em comparação a igual período de 2013, para 1.566.049 unidades. 

No último dia 30, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou a manutenção da alíquota reduzida do IPI. Com isso, para carros com motor 1.0, o imposto continuou em 3%. Já para veículos como motor flex até 2.0, a alíquota foi mantida em 9%. As alíquotas deveriam voltar ao normal em 1.º de julho, mas foram prorrogadas até dezembro.

Vendas

O desaquecimento do mercado também fez a Anfavea rever a projeção de vendas. No primeiro semestre, a estimativa divulgada em janeiro apontava para um crescimento de 1,1%. Agora, a expectativa é que o ano encerre com queda de 5,4% nas vendas. "Para chegarmos a esse dado (esperado das vendas) temos que crescer 14,3% no semestre", disse Luiz Moan, presidente da Anfavea.

As vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus atingiram 263.564 unidades em junho, queda de 10,2% na comparação com maio e recuo de 17,3% ante junho de 2013. No acumulado de janeiro a junho deste ano, os emplacamentos chegaram a 1.662.920 unidades, baixa de 7,6% sobre igual período do ano passado.

Apesar do resultado abaixo das expectativas no semestre, Moan acredita que o fim do ano será melhor e justificou a expectativa por causa da manutenção do IPI, da sazonalidade histórica e do maior número de dias úteis. "A manutenção do IPI foi fundamental para termos um semestre melhor", afirmou. "O retorno do IPI impactaria 11,5% nas vendas no segundo semestre. Caso o imposto retornasse a sua alíquota anterior, a queda nas vendas totais em 2014 ficaria em torno de 10%."

Moan afirmou ainda que o número de dias úteis também vai influenciar na busca por esse crescimento no semestre. Segundo ele, enquanto os seis primeiros meses do ano tiveram 119 dias úteis, o segundo semestre terá 127 dias úteis. "Além disso, temos a sazonalidade natural, nos últimos dez anos tivemos um segundo semestre melhor."

Os números da Anfavea mostraram uma queda nas exportações. Elas somaram US$$ 854,8 milhões em junho, recuo de 23,7% na comparação com maio e recuo de 39,4% ante junho de 2013. No primeiro semestre, as exportações acumuladas de janeiro a junho movimentaram US$$ 6,005 bilhões, queda de 23,1% ante 2013. O fraco desempenho do setor automotivo reflete a dificuldade da indústria em 2014. As projeções para o desempenho da produção industrial também têm sido revisadas para baixo.

No relatório Focus, divulgado hoje pelo Banco Central, a estimativa dos analistas é que a produção recue 0,67% em 2014. Há quatro semanas, esperava-se alta de 0,98%. "Está havendo uma série de revisões para baixo porque o desempenho da indústria nesse primeiro semestre foi aquém do que se esperava", afirma Renato da Fonseca, gerente executivo de Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI). "A indústria tem um problema de competitividade. A produtividade não cresce e a confiança está baixa, o que não traz investimentos.

" (Colaborou Luiz Guilherme Gerbelli)

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