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Varejistas da construção esperam retomada

Publicado sexta-feira, 14 de outubro de 2016 às 22:50 h | Autor: Gilson Jorge
Moreira afirma ter um “otimismo prudente
Moreira afirma ter um “otimismo prudente -

As vendas de material de construção na Bahia apresentaram uma queda de 8% entre janeiro e setembro deste ano, em comparação ao mesmo período de 2015, segundo uma pesquisa do setor feita em todo o país. Comerciantes locais, entretanto, acreditam em um prejuízo ainda maior, 12% em média, com algumas lojas atingindo 30% de perdas em um setor que conta com mais de sete mil pontos de venda em todo o estado. 

Mas o final do ano, que concentra a maior parte das vendas, está mudando o ânimo dos empresários, que se reúnem até hoje, em um hotel da Praia do Forte, para o Encontro dos Comerciantes de Material de Construção da Bahia em busca de soluções de gestão. 

E há novidades no horizonte. A Câmara Setorial da Construção Civil, fomentada pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), por exemplo, deve inaugurar até fevereiro de 2017 um portal online com informações para quem compra ou vende materiais de construção. 

“Esta semana, participei de uma reunião na Fieb e entre as coisas que estão sendo conversadas é a intenção de fomentar a instalação de fabricantes de material de construção na Bahia”, afirma o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon), Carlos Henrique Passos. 

“Temos aqui brita e areia disponíveis, mas os produtos industrializados vêm de São Paulo, de Pernambuco e do Rio Grande do Sul, sendo que a Bahia tem farta matéria-prima. É preciso investir em infraestrutura e atrair empresas”, aposta Passos. 

Para o presidente do Sinduscon, uma questão que deve ser discutida pelo setor ao longo dos próximos anos é a relação de compra de materiais por parte da indústria, diretamente dos fabricantes. “Essa é uma discussão que existe há alguns anos”, afirma o empresário. “Também por isso é importante a discussão sobre o que pode ou não ser fabricado na Bahia, o que reduziria os preços”, acrescenta Passos. 

Por enquanto, as empresas que comercializam os materiais pensam em questões urgentes, como minimizar os danos de meses de queda nas vendas. Um paliativo pode ser o calendário. “O segundo semestre responde por 60% das vendas do setor, principalmente os meses de outubro, novembro e dezembro”, afirma Osmar Araújo, diretor-executivo da Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção da Bahia (Acomac). 

Ecomac 

Depois de demitir 20% do seu quadro de funcionários, em função da queda nas vendas, o empresário Geraldo Cordeiro, da Comampac, espera começar a equilibrar as contas agora com o fim do ano. 

“Depois do boom imobiliário, quando as vendas subiram entre 15% e 18%, sentimos o efeito da crise. Ainda não pensamos em contratação de mão de obra, mas esperamos uma melhoria a partir de agora”, afirma Cordeiro. 

Dono da Leo Madeiras, Alexandre Cohim Moreira considera que, em Salvador, os efeitos da crise foram agravados pela demora na aprovação do PDDU e da Louos. “A gente fala em média de 12% de queda. Mas teve gente que perdeu até 30% e teve que fechar”, diz. Sobre o futuro próximo do varejo de materiais de construção, o empresário afirma ter uma “otimismo prudente”. 

Pelo 25º ano, a associação realizou esta semana o Encontro dos Comerciantes de Materiais de Construção (Ecomac), que reuniu cerca de 1.500 representantes do setor no Iberostar da Praia do Forte. “Além da discussão sobre gestão, o grande atrativo do encontro é o network. Não é sempre que os comerciantes têm a oportunidade de conversar com presidentes de empresas como a Tigre”, afirma Cohim Moreira, que é vice-presidente da Acomac. 

Ele lamenta o que considera a baixa participação de comerciantes baianos. “Dos 450 apartamentos colocados à disposição de comerciantes, 220 são baianos. Esse é um momento em que o empresários do interior poderiam aproveitar para fazer networking”, afirma. 

Moreira salienta ainda que o evento não foi afetado pela crise. “No ano passado, tivemos 27 patrocinadores e, este ano, tivemos 26”, salienta o executivo, que exalta ainda o fato de a Bahia ser o único estado que realiza o encontro todos os anos. “No Sudeste e no Sul, o encontro é revezado entre os estados”, assinala. A primeira Ecomac aconteceu há 50 anos em Campinas (SP). O evento chegou à Bahia em 1980.

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