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Fiador 'garante' 70% dos contratos de aluguel

Publicado sábado, 15 de agosto de 2015 às 08:00 h | Autor: Fábio Bittencourt
Charge de habitação alguel
Charge de habitação alguel -

A empresária Luciana Souza, de 48 anos, é quase uma "nômade" quando se trata de mudar de endereço (apartamento) - ou de planos. Morando de aluguel, ora ela quer ficar "mais perto" do trabalho, ora mais próxima da escola dos filhos mais novos, ora "ao lado" da mãe - com a idade avançada e requerendo certa atenção. Mas acontece que toda vez que Luciana precisa alugar um imóvel é aquele deus nos acuda para saber quem será o fiador. Daí que ela já recorreu ao filho mais velho, ao irmão, à mãe e até mesmo ao ex-marido...

De acordo com dados do Sindicato da Habitação da Bahia (Secovi), cerca de 70% dos inquilinos ainda recorrem a um fiador na hora de "garantir" o aluguel de um imóvel. Segundo o presidente da entidade, Kelsor Fernandes, essa ainda é uma modalidade "custo zero" de garantia locatícia, já que, por lei, nem mesmo a análise do cadastro desse fiador pode ser cobrada pela imobiliária.

Mas e quem não tem um avalista? Quem porventura está fora de sua cidade natal e não pode contar com a "força" de um parente ou mesmo de um amigo. Ainda segundo Fernandes, a chamada lei do inquilinato estabelece como sendo três os tipos de garantia -  além do fiador, a instituição do seguro-fiança ou a caução.

"Algumas grandes companhias podem ainda fornecer uma espécie de carta de garantia, ou fiança, no qual avalizam os seus funcionários. Caso eles não arquem com o compromisso, a empresa então ressarce a imobiliária para depois descontar do salário do empregado", diz Fernandes.

Ainda de acordo com o dirigente, o seguro locatício, apesar de um produto bem estruturado, talvez ainda não tenha deslanchado devido ao custo anual de, aproximadamente, 1,5 vez o valor do aluguel. Já a caução significa o inquilino adiantar - por meio de depósito bancário - três vezes o valor da cota mensal.

"Nome  emprestado"

Sócia da imobiliária Freitas & Daltro, a corretora Aline Gomes lembra que algumas empresas que costumam transferir funcionários de cidade também contratam títulos de capitalização em nome dos empregados - como se uma caução fosse - e que esses valores ficam retidos até o término do contrato locatício.

Para ela, devido à crise e com cada vez menos gente querendo "emprestar" o nome para ser avalista, é possível que a contratação de produtos de capitalização, seguridade, ou mesmo de operações envolvendo caução cresça mais.

"Ninguém quer mais ser fiador. E a caução é um meio prático de resolver a situação. Ao fim do contrato, o cliente recupera o valor pago", diz.

Cliente de Aline, a administradora Graça Motta, 45, faz qualquer negócio para não ter de pedir favor nenhum a ninguém. Para contratar o imóvel em que mora, na Federação, ela teve de desembolsar - como caução - três vezes o valor do aluguel, que é de R$ 1,2 mil (no total, R$ 3.600), sem que isso fosse um problema.

"Eu não peço, acho que gera desconforto para todos. Você transfere uma responsabilidade para o outro. A pessoa tem de ceder os seus ganhos. Mesmo um irmão, acho que a gente não tem de saber quanto ele ganha", justifica ela.

Para o superintendente de riscos financeiros e capitalização da Porto Seguro, Luiz Carlos Henrique, o seguro-fiança - que pode ser pago em até quatro vezes - garante maior tranquilidade para os envolvidos em uma operação comercial, pois, em caso de imprevistos com o locatário e o não pagamento da locação, o seguro cumpre com o contrato.

Dentre as coberturas, conta Henrique, existe a possibilidade de se contratar o pagamento de condomínio, IPTU, água, luz, gás, danos ao imóvel, pinturas internas e externas e multa por rescisão de contrato.

"O proprietário é beneficiado, pois a figura do fiador é substituída pela seguradora. Além disso, há a garantia de recebimento dos aluguéis mensais e da multa moratória, em caso de inadimplência do locador. O seguro apresenta também a possibilidade de contratação de cobertura de danos ao imóvel, entre outras coberturas adicionais", diz.

"Já a imobiliária tem a possibilidade de oferecer soluções para o cliente que tenha dificuldade em encontrar um fiador, e tem a facilidade de análise de cadastro, já que essa tarefa é feita pela própria seguradora. Além disso, garante o recebimento em dia da taxa de administração", explica.

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