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Cidade barulhenta desvaloriza imóveis

Publicado sábado, 27 de setembro de 2014 às 14:51 h | Autor: Fábio Bittencourt e Naiane Aline
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A Câmara Municipal de Salvador deve enviar até terça-feira à prefeitura o projeto que propõe alterações na chamada lei do silêncio. A medida, já aprovada pelos vereadores e que prevê a criação de  épocas festivas e quatro áreas  de exclusão (Arena Fonte Nova, Pelourinho, Parque de Exposições e trecho da orla do Rio Vermelho), no entanto, preocupa moradores e especialistas no assunto.

Caso a proposta seja aprovada pelo Executivo, o limite de decibéis emitidos nos quatro bairros e datas (25 dias antes e 10 dias depois do Carnaval; 15 dias antes e 10 dias depois do São João, em toda a cidade) será quase o dobro do previsto na legislação vigente (de entre 60 e 70 decibéis para 110).

Conselheira da Sociedade Brasileira de Acústica, especialista em acústica nas construções e com mestrado na área de poluição sonora,  a arquiteta Débora Barretto acha que "criar uma lei que expõe sua população ao excesso de ruído parece uma ideia absurda".

Débora chama a atenção para uma possível desvalorização imobiliária nas áreas requeridas para ter o limite auditivo ampliado. "Ninguém quer conviver com a regularidade de emissões sonoras altíssimas".

"Muitos moradores do Rio Vermelho já me procuraram para conversar sobre a situação e confidenciaram que, caso a lei seja aprovada, deixarão o bairro em busca de um local onde a tranquilidade seja pouco mais garantida", conta Débora.

Segundo ela, o Brasil, quando comparado a outros países, ainda "engatinha" no que tange a legislação que protege os cidadãos contra o barulho.

Males à saúde

"A exposição ao excesso de barulho faz com que a pessoa desenvolva problemas de saúde de diversas naturezas, como surdez e estresse. Também faz com que o trabalhador não se concentre nas suas atividades, seja menos criativo e produza menos. Por último, locais barulhentos tendem a ser críticos, fazendo com que os indivíduos discutam e briguem mais", diz.

De acordo o diretor da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia na Bahia, Otávio Marambaia, a poluição sonora provoca problemas neurológicos, piora da hipertensão, perda de apetite sexual e outros. "A mudança nessa lei é um perigo à saúde dos cidadãos", conta.

Segundo a arquiteta de interiores Isa Brandão Busatto, nas áreas residencial e corporativa,  são muitas as soluções contra o excesso de ruído. Primeiro, ela diz, é preciso que o morador - ou proprietário de imóvel comercial - identifique a origem do barulho.

"A partir daí é buscar as melhores opções para ele. Se o problema é com barulho de apartamentos vizinhos, utilizar revestimento nas paredes, como papel de parede, gesso, forros e madeira, resolve bem", diz.

Ainda segundo ela, quando o barulho vem do exterior - de bares ou do trânsito -, uma saída tem sido o fechamento da varanda. "Fechá-la com vidro evita que o barulho entre".

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