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Empreendedorismo chega às escolas

Publicado domingo, 07 de abril de 2019 às 12:47 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Fábio Bittencourt
Piotr introduziu a educação empreendedora na Dom Pedro II
Piotr introduziu a educação empreendedora na Dom Pedro II -

Foi com a missão de adotar uma nova “filosofia de educação para o século XXI” que o coordenador de projetos Gabriel Tarrão recebeu o chamado de um grande colégio particular de Salvador em 2018. Segundo ele, “inquieta” diante das transformações do mundo do trabalho, a instituição tinha o objetivo de não mais simplesmente formar alunos para aprovação no Enem e oferecer um ensino convencional, mas desenvolver neles competências empreendedoras.

De acordo com Tarrão, crucial para essa “virada de paradigma” foi a parceria com o Sebrae e o seu Programa Nacional de Educação Empreendedora (PNEE). Criado em 2014, o projeto, que visa disseminar uma formação “mais voltada” para o mundo dos negócios, está presente em escolas de 62 municípios baianos e já capacitou seis mil professores e 140 mil alunos.

Com o objetivo de reconhecer as melhores práticas adotadas por instituições de ensino públicas e privadas nessa área, estão abertas até o dia 26 deste mês as inscrições para a primeira edição do Prêmio Sebrae de Educação Empreendedora. A participação é gratuita e pode ser feita no site.

Segundo a gestora do projeto no Sebrae Bahia, Ana Luci des Graviers, o PNEE atua por meio da oferta de conteúdos de empreendedorismo nos currículos escolares dos ensinos fundamental, médio, superior e profissionalizante.

“Nossa perspectiva é somar a oferta de conteúdo com o desenvolvimento de competências empreendedoras nos estudantes, sensibilizando professores, a partir de metodologias específicas. Com o propósito de consolidação da cultura empreendedora na educação brasileira e surgimento de novos negócios como alternativa de carreira entre os jovens”, diz.

Com a oferta de 65 cursos de graduação e pós-graduação nas modalidades presencial e a distância, e campi espalhados por Salvador, Jequié, Ribeiro do Pombal, Barreiras, Luís Eduardo Magalhães, e no município de Lagarto, em Sergipe, o coordenador da Faculdade Dom Pedro II, Piotr Zalkowitsch, entende como ninguém a importância de uma formação empreendedora.

Administrador e consultor de empresas, ele conta que há cerca de dois anos iniciou um processo de transformação no currículo de todos os cursos da instituição. Capacitou 40 professores, que passaram a ministrar conteúdos de empreendedorismo a cerca de 3.280 graduandos, de áreas como direito, fisioterapia, serviço social, matemática e biologia.

Segundo o professor, não é mais possível “não formar aluno para a vida, o mercado”. “Cada vez mais os profissionais são pessoas jurídicas ou prestadores de serviços, portanto o mundo do trabalho não é mais o mesmo. Não tem mais como separar a transmissão de conhecimento técnico-científico, do estímulo ao desenvolvimento de um comportamento empreendedor”, acredita.

Imagem ilustrativa da imagem Empreendedorismo chega às escolas
Ana Luci conta que PNEE busca desenvolver competências empreendedoras (Foto: Felipe Iruatã l Ag. A TARDE)

Futuro das profissões

“É preciso aprimorar essa visão. O estudante de direito, da área de saúde, se munir de atitude e embasamento, reunir com outros dois ou três, e montar um escritório, uma clínica. Passar a oferecer um serviço inovador, criativo, gerando assim novos postos de trabalho, ao invés de depender de um. Conhecer sobre plano de negócio, planejamento estratégico”, afirma.

Para Gabriel Tarrão, do Colégio Marízia Maior, estamos falando de “um mundo que ainda não está aí”. Segundo ele, muitas profissões que estarão em alta daqui a alguns anos, décadas, talvez, ainda nem existam. E que a escola não pode ser lugar para se “aprender algo que ficou para trás”.

“A ideia é preparar para os desafios que vêm por aí, no mercado e na vida. Para a dinâmica das relações pessoais e profissionais. Todo mundo vai precisar se reinventar. Desde que passamos a adotar uma metodologia de ensino com o viés do empreendedorismo, do desenvolvimento de novas competências, o nível dos projetos dos alunos subiu exponencialmente”, fala Tarrão.

“Desenvolvemos um projeto no qual envolvemos os alunos na solução de problemas sociais através da criação de negócios. Utilizando da metodologia design thinking, eles já chegaram ao protótipo de uma ferramenta para guiar cegos com sensor; de modelo de negócio intitulado Uber da medicina; e um aplicativo para denunciar casos de assédio e abuso contra mulheres”.

Estudante do curso de pós-graduação MBA master líder de gestão na Dom Pedro II, o administrador Emanuel Nunes, 30, deixou o emprego de vendedor em cervejaria para investir, há quatro anos, em um negócio de entrega de carga frigorificada. Começou com um “caminhão velho”, hoje possui três. “Ainda estudo, não penso em parar. Estou empresário, mas posso voltar”.

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