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São João aumenta vendas em até 10%

Publicado domingo, 11 de junho de 2017 às 10:10 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Gilson Jorge
Conhecida como capital do licor, Cachoeira já está preparada para as festas juninas
Conhecida como capital do licor, Cachoeira já está preparada para as festas juninas -

Se em Cachoeira, capital do licor, as festas juninas provocam uma invasão de revendedores da bebida, em Salvador e em outras cidades a oferta de produtos típicos aumenta em até 10% o faturamento de lojas de comidas e bebidas.

Filha de um casal do Recôncavo baiano, a empresária Rosa Ornelas sabe muito bem como aproveitar a tradição junina para alavancar as vendas da Pão&Mais, padaria com três unidades voltadas ao público A em Salvador.

“Nesta época, aumentam muito as encomendas de bolos de aipim, de carimã e outros produtos”, atesta Rosa, que estima vender pelo menos 10% a mais em junho, em comparação aos outros meses.

Para atrair mais público às lojas do Itaigara e do Horto Florestal, a empresa montou um quiosque temporário no Salvador Shopping. O preço indica qual é a clientela da Pão&Mais. Um copo de mingau de 300 ml sai por R$ 7,50.

“Os mingaus e a canjica são feitos pela mulher que foi minha babá até quando eu tinha 2 anos, e que hoje é nossa fornecedora exclusiva”, comenta Rosa, que conduz o negócio ao lado da irmã. Sua mãe nasceu em Santo Antônio de Jesus, e o pai, na vizinha Dom Macedo Costa, cidades com forte tradição junina.

Imagem ilustrativa da imagem São João aumenta vendas em até 10%

Rosa aproveita tradição junina para elevar as vendas da Pão&Mais

No Recôncavo

Em Cachoeira, o momento é de plena produção. Até o final do mês, dezenas de cidadãos estão ocupados em extrair o licor e comercializá-lo nos balcões dos principais fabricantes da bebida, como o tradicional Roque Pinto, o concorrido Arraiá do Quiabo e a sua vizinha, Dona Rosa, que produz em menor escala.

Neto de Francisco Pinto, o homem que introduziu a cultura do licor na cidade que era dominada pela produção de charutos, Rosival Pinto, o Rose, está empregando 40 funcionários extras para dar conta da procura. “Produzimos de 60 mil a 100 mil litros de licor por ano”, afirma Rose, que desde o ano passado está apostando em um produto especial, o Pintorulla, licor à base de leite, feito sob encomenda, que no balcão da loja sai por R$ 22 o litro, quase três vezes mais caro do que os de sabores tradicionais, como jenipapo, tamarindo e passas.

A empresa foi batizada com o nome do pai de Rosival, que efetivamente transformou a bebida, que era servida pela família, como cortesia, aos compradores de charuto, em uma iguaria rentável.

“Uma curiosidade é que meu pai não gostava de bebidas alcoólicas”, conta Rose. Para testar o sabor, o empresário, que morreu quando o filho tinha 9 anos de idade, desenvolveu um jeito de borrifar o licor em sua língua.

Ex-funcionária da Roque Pinto, onde trabalhou por sete anos, Rosa da Silva da Conceição aprendeu a fazer licor e, há 17 anos, vende sua própria marca em uma casa pequena na Avenida São Diogo, onde nesta época do ano apenas quatro pessoas ajudam na produção do licor Dona Rosa.

“Eu faço de cinco a seis mil litros por ano”, estima Rosa, que mantém uma relação amistosa com o Arraiá do Quiabo, concorrente gigante instalado na mesma rua. “Quando Tonho (Antônio da Conceição, dono do arraiá) vai comprar frutas, traz para mim também”, diz a pequena empresária, que recorre ao vizinho também na hora de passar o cartão de crédito de um cliente na máquina. Prova da opulência do generoso concorrente. “É difícil calcular quantos litros vendemos, pois tem muita gente que compra galões”, despista o gerente do Arraiá do Quiabo, André Oliveira.

Produtos que são sucesso nas festas

Licores - O selo “licor de Cachoeira” é quase uma garantia de qualidade. Mas tem muita gente produzindo em outras cidades. O jenipapo, fruta característica do Recôncavo, é imbatível. Mas como a matéria-prima é sazonal,  os fabricantes recorrem a diferentes sabores para produzir o ano inteiro   

Mingaus - Em diversos pontos de Salvador é possível encontrar alguém vendendo essa bebida típica do café da manhã nordestino, que sai por até R$ 2, o copo. Empresas que apostam em diferenciais, como mingau de milho puro, cobram caro. A Pão&Mais vende um copo de 300 ml por R$ 7,50  

Bolos - Difícil encontrar uma delicatessen em Salvador  que não  ofereça bolos de milho, tapioca, carimã e aipim. A vantagem é que são produtos que, à exceção do almoço, podem ser servidos a qualquer hora 

Doces - As balas de jenipapo não costumam durar muito tempo na vitrine. Os fabricantes também fazem balas de goiaba e banana

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