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Os desafios do empreendedor

Publicado domingo, 23 de outubro de 2016 às 13:44 h | Atualizado em 23/10/2016, 13:46 | Autor: Gilson Jorge
O CEO da Peixe Urbano, Alex Tabor, responsável pela pesquisa, considera que a burocracia é o maior pesadelo dos empresários
O CEO da Peixe Urbano, Alex Tabor, responsável pela pesquisa, considera que a burocracia é o maior pesadelo dos empresários -

A alta carga tributária e a burocracia são as maiores fontes de dor de cabeça para empreendedores, segundo uma pesquisa do site Peixe Urbano. Os dois itens foram mencionados por 69,8% dos empresários consultados. Para 59,2%, a pouca oferta de matéria-prima para os seus negócios é outra grande barreira.  Mas especialistas advertem que o planejamento adequado e o colaborativismo podem  tornar esses problemas gerenciáveis.

Diante de obstáculos tão grandes, o   Sebrae recomenda que pequenos empreendedores se unam, tanto para cobrar ações do estado quanto para conseguir melhor acesso ao mercado de matérias-primas.

O gerente da unidade de acesso a mercados do Sebrae, José Meira Nilo, salienta que em  algumas questões, que dependem do governo, não há muito o que fazer. Mas destaca a importância do colaborativismo entre pequenos para a obtenção de bons resultados na compra de material ou mesmo para a formação de mão de obra.

“Uma farmácia de bairro sozinha não consegue nem fazer um arranhão em um laboratório. Mas  mil farmácias unidas conseguem ter uma voz altiva na negociação”, pondera José Meira Nilo.

O gerente do Sebrae destaca o exemplo de setores como supermercados, farmácias e lojas de material de construção em que empresários se uniram para conseguir melhores preços.  “É uma lógica que serve também para a formação de mão de obra. Juntas as empresas podem investir em qualificação para o setor”, afirma. 

Mas há problemas. Um relatório  do próprio Sebrae indica que empreendedores da economia criativa, como artistas e artesãos,  são mais sensíveis a processos burocráticos e tributários.  O  modelo de lojas colaborativas, uma tendência entre os criativos, pode apresentar armadilhas.

A Receita Federal, por exemplo, estabeleceu como teto para os microempreendedores individuais (MEI) um faturamento anual de R$ 60 mil. Mas como uma loja colaborativa usa apenas uma máquina de cartão de crédito para o CNPJ que assina o aluguel da loja, a Receita vai ser informada pela administradora de cartões sobre o montante de todos os empreendedores que compartilham a estrutura da loja.  Se estiverem juntos, 50 MEIs, não será possível ter 50 máquinas ou 50 talões de nota fiscal. “Ainda não há jurisprudência para esse modelo de negócio”, afirma o  contador Talmo Rodrigues.

Planejamento

O professor de empreendedorismo do Insper, Marcelo Nakagawa, considera que a nova geração de empreendedores, no geral, tem estudado mais o mercado do que os antigos empresários. E cita como exemplo um dos  fundadores do Peixe Urbano, Júlio Vasconcellos. “É uma pessoa que fez MBA, que se preparou para empreender”, conta.

Nakagawa destaca que para boa parte dos empreendedores é  possível, por exemplo, conseguir fornecedores no exterior. Mas concorda que muitas vezes o pequeno negócio é submetido a um tratamento inferior por parte dos fornecedores. “Algumas empresas enxergam o pequeno comerciante quase como alguém que a atrapalha, não como um negócio com potencial de crescimento”, afirma o professor.

Para ele, a chave do negócio, entretanto, está em um bom planejamento. “Quando se está preparado, essas questões são sempre gerenciáveis”, declara Nakagawa.

O CEO da empresa  Peixe Urbano, Alex Tabor, responsável pela pesquisa, considera que a burocracia é o maior pesadelo dos empresários.

Experiência

Com a experiência de ter trabalhado no exterior, ele compara a situação do empreendedor aqui e fora do país. Nos Estados Unidos, segundo ele, se uma pessoa abre um restaurante, assina um termo de  compromisso assumindo que tudo está bem. Se aparece um fiscal e vê um erro, a pessoa sofre as sanções legais.  “Aqui no Brasil, o restaurante só abre depois de conseguidos todos os alvarás. O estabelecimento pode ficar fechado durante meses”, afirma.

E essa burocracia  atrapalhou parcialmente os planos do empresário Egídio Guelpa, um dos sócios do  Coco Bambu. Engenheiro de formação, Guelpa uniu-se a dois amigos em 2006 para realizar o sonho de ter seu próprio restaurante.  Mas mal consegue ficar no salão, atendendo os clientes. “É uma quantidade enorme de alvarás e quando renovo um tenho que correr atrás da renovação de outro”.

Algumas dicas para empreender

Burocracia - Para questões burocráticas não há muito o que fazer, apenas buscar formas de pressionar o governo e o Congresso por meio de associações de classe 

Infraestrutura - Planeje com antecedência como vai ser o seu negócio, do que ele vai precisar e quem serão os fornecedores. Em alguns casos, é possível importar material que não está disponível na  cidade. Estar em contato com outros atores do setor pode ajudar

Custos - Compras coletivas são uma alternativa que os  pequenos empreendedores têm de conseguir reduzir preços e enfrentar a concorrência 

Ajuda - Procure o Sebrae e entidades de classe

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