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Ócio criativo alavanca novas ideias

Publicado domingo, 24 de maio de 2015 às 16:19 h | Atualizado em 24/05/2015, 16:22 | Autor: Gilson Jorge
Ócio criativo alavanca novas ideias
Ócio criativo alavanca novas ideias -

O cérebro nunca para de funcionar. E quando um trabalhador criativo faz uma pausa para relaxar sobre uma mesa de sinuca, a ideia que ele persegue pode chegar à sua mente na velocidade em que se encaçapa a bola sete.


Foi acreditando nisso que a Propeg decidiu, há dois anos, que a matriz da empresa, na Ladeira da Barra, aproveitaria a vista para o mar e ofereceria aos 180 funcionários uma varanda de convívio. "Todos os finais de tarde uma parte da equipe para e assiste ao pôr do sol", conta a gerente de recursos humanos da agência, Trícia Rocha.
É um diferencial para a política da empresa em todas as suas unidades (Bahia, São Paulo, Distrito Federal e Ceará), de oferecer sala de jogos com Playstation e mesa de pingue-pongue e outros equipamentos usados nos momentos de descompressão.


"No Brasil, essa ainda é uma prática rara, mas trazemos muitas ideias do exterior para oferecer bem-estar à equipe", afirma a gerente, que garante não ter problemas de excessos por parte de funcionários na sala de jogos. "Há a questão da maturidade e do bom senso na equipe", avalia. A Propeg ainda mantém um cão de estimação para a equipe, um golden retriever chamado Job (trabalho, em inglês).


O coordenador da pós-graduação em gestão de pessoas da Faculdade da Cidade, Renato Ribeiro, aprova essa estratégia. "Para que eu faça a minha produção, preciso buscar munição nas relações pessoais", afirma o professor, que declara ser humanamente impossível trabalhar as oito horas sem intervalo e assinala que não dá para separar totalmente a hora do trabalho da hora do lazer.


Ou seja, da mesma forma que os funcionários usam o horário de expediente para checar e-mails pessoais, compartilhar e curtir posts no Facebook, as atividades profissionais também invadem a vida pessoal de muitos trabalhadores, com ligações de contatos comerciais fora do expediente e pessoas conhecidas em ambiente profissional solicitando a amizade nas redes sociais. Nem sempre dá para dizer não ao pedido.

"Relógio moral"


"Às vezes nos perguntamos se temos amigos ou uma rede de network", diz a consultora em filosofia clínica Monica Aiub, que é mestre em filosofia da mente e escreve a coluna Vya Estelar, focada em bem-estar. Ela acredita que um "relógio moral" se encarrega de dar o alarme ao trabalhador sobre o uso das horas a favor do lazer em horário de trabalho. "É preciso ter em mente que você foi contratado para produzir", assinala.


Independentemente da quantidade de horas que o funcionário passa na internet ou da frequência com que ele se coloca à disposição para frequentar eventos fora do expediente, o que importa é o resultado que ele apresenta para o patrão, avalia Ribeiro.


"O profissional que não cumpre o que se espera dele vai dar lugar a outro", afirma Ribeiro, reconhecendo que a dispersão com os aparatos tecnológicos pode ser um problema. "Algumas empresas que prestam atendimento estão fazendo com que os recepcionistas usem computadores com duplo monitor. Assim, o cliente pode ver as páginas que o funcionário acessa e saber se a demora se deve ao uso de redes sociais", afirma.


Por outro lado, Monica Aiub pondera que não é possível prescindir da tecnologia. "Há casos de gerentes de banco que não podem ter contato com o cliente se não for através de um número de telefone específico", afirma.

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