Associação de Ilhéus produz fruto superior
Luiz Conceição
ILHÉUS (DA SUCURSAL SUL DA BAHIA) - Na vanguarda da produção de um cacau superior, a Associação de Profissionais do Cacau Fino e Especial (Apcef) está conseguindo preços com ágio de até 25% sobre a cotação da Bolsa de Nova Iorque, valor em torno de R$ 70 por arroba. Isso tem sido possível porque os 74 agricultores que a integram cumprem um manejo mais rigoroso, o que inclui a seleção dos frutos nas roças de cacau.
O vice-presidente da Apcef, Cristinaldo Gally, informa que é exigido do associado a fermentação não alcoólica do cacau, a coleta de amêndoas de frutos maduros e uma série de outros requisitos de qualidade para atender aos gourmets chocolateiros, principalmente da Itália. No início do ano, a associação exportou dois contêineres de 20 toneladas cada um, tendo um ganho de cerca de US$ 400 por tonelada, 25% acima da cotação internacional da bolsa.
Para o diretor-geral da Ceplac, Gustavo Moura, a organização do produtor será fundamental se ele quiser preços mais competitivos e remuneradores para sua produção, quando passar a vigorar o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Amêndoa.
Para obter um cacau fino, há todo um manejo que começa com a colheita manual do fruto na roça, passa pelo processo de fermentação mínima de três a cinco dias, revolvimento do produto ainda no cocho, secagem em condições ideais e limpeza da amêndoa. Quando os sacos de cacau chegam aos armazéns é feita a pesagem, cheira-se a amêndoa para observar presença de fumaça, peneira-se para ver o grau de impurezas e se mede a umidade.
O gerente da empresa Amazonbahia, em Ilhéus, João Midlej, explica que a classificação dos defeitos prevê alguma tolerância, mas a presença de fumaça não é tolerada de jeito nenhum.
SAIBA MAIS
De acordo com a portaria nº 40, a amêndoa de cacau será classificada em três tipos, definidos em função dos limites de tolerância estabelecidos numa tabela elaborada pelo Ministério da Agricultura. Será classificada como fora de tipo a amêndoa de cacau que apresentar os percentuais de ocorrência de defeitos excedendo os limites máximos de tolerância estabelecidos para o tipo 3.
Limites de tolerância de defeitos por tipo (em %)
Defeito TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3
Amêndoas mofadas 3 4 10
Amêndoas ardósias 3 8 15
Amêndoas achatadas 2 3 5
Amêndoas germinadas 2 3 6
Amêndoas danificadas por inseto 2 4 6
Amêndoas quebradas 2 3 5
Impurezas 1 1,5 2
Matérias estranhas 0,1 0,2 0,3