Espetáculo online Con Este Cuerpo En Este Mundo pode ser conferido neste domingo

“O corpo é um mapa que guarda segredos e memórias antigas. Dizem que a pele é uma cartografia que guarda memórias”. As frases são repetidas várias vezes no espetáculo de dança online Con Este Cuerpo En Este Mundo, que celebra a parceria da Escola de Dança da Ufba e a Compañía Cuerpoequipaje, da Argentina.

Projeto de intercâmbio, investigação e criação, a montagem, que também traz teatro de objetos, tem como seu principal objetivo refletir sobre os corpos e modos de existir dos seres humanos em meio a uma pandemia.

Com direção e dramaturgia da argentina Tatiana Sandoval e coreografia do baiano Antrifo Sanches, conta com a participação de artistas convidados residentes em onze países: Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, República Dominicana, Peru, México, País Basco, Itália, França e China. São profissionais das áreas de dança, teatro, música, figurino e multimídia.

Esta experiência performática poderá ser desfrutada neste domingo, 18, em dois horários: às 12h e às 19h. A montagem segue em cartaz de 23 de julho a 29 de agosto, todas as sextas, sábados e domingos às 19h. A duração é de 40 minutos. Durante a temporada de apresentações haverá bate-papos e atividades complementares. As entradas são feitas com chapéu virtual e podem ser reservadas a partir de R$ 15 pelo Sympla.

“Con Este Cuerpo En Este Mundo é uma obra que navega nas águas de um novo século. Queremos saber como continuar... Sem teatro, sem aulas de dança presenciais, sem concertos. Como continuar criando? Partindo do corpo como portador de memórias individuais e coletivas, construímos uma colagem visual e sonora”, destaca Tatiana Sandoval.

Águas do inconsciente

“A obra navega nas águas do inconsciente: com objetos, textos e imagens dentro e fora das telas, uma dramaturgia hipermídia onde o cenário cotidiano das casas se transforma, se expande, deixa entrar memórias, migrações, avatares, poemas e canções antigas. Reflete as características de uma cena ampliada, em que texto, som e imagem se entrelaçam, com captura de movimento ou intervenções visuais ao vivo”, acrescenta.

Já o coreógrafo Antrifo Sanches afirma: “Penso que a situação posta pela pandemia para as artes da cena se mostra paradoxal: por um lado, a imposição de limites no contato físico entre as pessoas envolvidas na criação das obras e também com seus públicos; por outro, o entendimento do mundo como campo ilimitado de possibilidades interativas no espaço virtual”.

De acordo com Antrifo Sanches, apesar da distância e da diversidade linguística, os artistas fizeram conexões entre suas histórias. “A criação foi feita através de plataformas sincronizadas onde todos puderam se encontrar e interagir”, frisa.

“Eram 7h da manhã em Lima, 8h em Santo Domingo e Santiago do Chile, 9h em Salvador da Bahia, Buenos Aires e Montevidéu, duas da tarde em Paris, Barcelona e em um povoado da Sicília. Eram 20h em Shenzhen. Mais de vinte pessoas estavam em videochamada, de um lado da tela e do outro, a cada ensaio, juntas, descobrindo as coordenadas para habitar novos cenários possíveis”, revela.

O coreógrafo pontua que os intérpretes criadores foram instigados e compartilharam um processo criativo no qual investigaram os mapas de seus corpos, suas genealogias, canções, afetos, imagens e sonhos. Perguntas foram feitas sobre novos rituais cênicos em tempos de pandemia.

Performers

Ainda segundo Antrifo, a primeira reunião para o trabalho teve início em dezembro do ano passado. Os ensaios iniciaram em fevereiro e duraram até este mês, quando o espetáculo estreou. Antrifo informa que os intérpretes têm, além de formações diferentes, idades diversas. “Vai de 23 a 55 anos”, acrescentando que “Nós respeitamos a história, o contexto, a individualidade de cada corpo”.

Os performers criadores do projeto são: Angela Babuin, Gabriela Baldoni, Thiago Cohen, Miguel De Sousa, Bárbara García Di Yorio, Romina Laino, Mayana Magalhães, Josefina Sabaté y Baudron, Vicente Santos, Dara Siligato, Mireya Solís e Jennifer Toledo Puga.

Thiago Cohen, estudante da graduação em dança da Ufba, participa como performer e assistente coreográfico. Também Miguel de Sousa, atualmente residente em Paris, na França, e Mayana Magalhães, atualmente morando em Shenzhen, China, são artistas graduados da Escola de Dança da Ufba. O desenho sonoro e música original é de Cecilia Candia. Assinam o desenho do vestuário Pheonua Veoz e Corina Herran.

Tatiana Sandoval, encenadora, é também atriz, dramaturga e artista visual. Ela desenvolve o seu trabalho num território interdisciplinar situado na fronteira entre as artes performativas, visuais e multimídia. É fundadora e diretora artística da Cia Cuerpoequipaje, que recebeu vários prêmios.

Dançarino, coreógrafo, produtor de dança e diretor de cena, Antrifo Sanches é professor da Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia desde outubro de 1994. Tem mestrado em artes cênicas pela Ufba e doutorado em educação, também pela Universidade Federal da Bahia. O espetáculo traz textos em várias línguas, como português, espanhol, francês e italiano.