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Com a Santa Dulce embalando, o turismo religioso ganha pique

Confira a coluna de Levi Vasconcelos

Publicado quinta-feira, 28 de março de 2024 às 00:00 h | Autor: Levi Vasconcelos
Sala dos Milagres, no Santuário Santa Dulce dos Pobres
Sala dos Milagres, no Santuário Santa Dulce dos Pobres -

Diz Maurício Bacelar, o secretário de Turismo da Bahia, que o turismo religioso é uma joia a ser lapidada. Lógico que ele fala do novo tempo que a Bahia passou a viver a partir de 4 de outubro de 2019, quando Irmã Dulce foi canonizada. Aí veio a pandemia da Covid, e os reflexos atrasaram, mas embora a lapidação ainda não tenha acabado, já há pontos brilhantes.

O empresário Ivan Leão doou o mausoléu original de Irmã Dulce, falecida em 13 de março de 1992. Quando ela virou santa, os restos mortais foram trasladados e as Obras Sociais, da qual ele é membro, devolveram-lhe o mausoléu, que resolveu levar para sua terra natal, Castro Alves, fez a capela e o colocou lá. Colou.

Bons sinais — Thiancle Araújo (PSD), prefeito de Castro Alves, no time dos mais bem avaliados da atual safra, que abraçou a causa e apoiou o projeto, diz não ter dúvida que a Capela da Santa Dulce, inaugurada em 27/09/2020, menos de um ano depois da canonização, deu um impacto muito positivo lá.

— Imagine você que agora temos de abrir o mercado municipal aos domingos, para vender comida. E também já há na cidade uma loja de souvenir. Vem gente de todo lugar.

Em maio do ano passado, o prefeito de Boa Vista do Tupim, Helder Lopes Campos, o Dinho (PSDB), inaugurou o Caminho de Santa Dulce dos Pobres, uma extensão de 7,5 km que leva os peregrinos por 14 pontos de parada ponteados por frases e ensinamentos de Irmã Dulce, no qual os peregrinos vão à pé.

Em Monte Santo — Dinho se diz muito satisfeito. Ele queria incrementar o turismo religioso e conseguiu. ‘Muita gente passou a vir para cá’.

Claro que o turismo religioso na Bahia é velho, mas com Irmã Dulce tem a virada. Nas festas em Salvador, o profano sempre prevaleceu sobre o sacro. Na era da Santa Dulce o que se quer é o inverso. E está dando certo.

Em Monte Santo, tradicional destino religioso baiano, o forte é a Festa de Todos os Santos, que atrai mais de 30 mil pessoas, mas na Sexta Santa, como amanhã, realiza-se a Procissão do Fogaréu. E a prefeita Silvânia Mota (PSB) diz que lá também já se fez uma capela para Santa Dulce, muito visitada.

Aí há um detalhe curioso. A prefeita Silvânia é evangélica, mas ressalva que tem pleno respeito por todos os que professam outras crenças.

— Temos aqui a Santa Cruz, que vem a ser a Igreja mais alta do mundo. Já foi cenário de dois filmes, um sobre a vida de Antonio Conselheiro, o fundador do pedaço. É claro que tudo isso merece o respeito de todos.

Na Lapa — Bom Jesus da Lapa também é outro secular destino religioso, com mais de 300 anos de tradição, o maior da Bahia em turismo sacro. Lá, o ponto forte é a romaria, entre julho e agosto, mas Eures Ribeiro (PSD), deputado e ex-prefeito, diz que Santa Dulce só ajuda a atrair fiéis.

— Mantemos a tradição sempre agregando valores.

Assim o é que na semana passada lá se realizou o Encontro de Líderes de Religiões de Matrizes Africanas. Tanto o Bom Jesus como a Santa Dulce agradecem.

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