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Carnaval é economia na veia

Confira a coluna do economista Armando Avena desta quinta-feira, 8

Publicado quinta-feira, 08 de fevereiro de 2024 às 06:50 h | Autor: Armando Avena
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Já é Carnaval, cidade, e ele chega junto com um ciclo de geração de emprego e renda que movimenta a economia de Salvador e da Bahia. Carnaval é economia na veia e poucos eventos conseguem mobilizar uma cadeia de negócios tão ampla. A festa  mobiliza a hotelaria, os bares e restaurantes, as empresas que montam shows e estruturas, o comércio em geral, a indústria de bebidas, alimentos e outras, as locadoras de automóveis, fornecedoras de serviços e buffet e uma miríade de pequenos serviços.  Além disso, é gasolina no fogo da economia informal.

Com tantas atividades, as áreas de intersecção entre setores são muitas e é muito difícil calcular a movimentação financeira no Carnaval, mas é possível fazer estimativas. A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado da Bahia (Fecomércio-BA), por exemplo, estima que a festa vai movimentar  4 bilhões de reais na Bahia,  aferindo que  o setor de comércio deve faturar R$ 1,2 bilhão no mês de fevereiro, principalmente nos setores mais conectados ao evento, como supermercados e vestuário, e o turismo deve movimentar financeiramente R$ 2,7 bi. É um número simbólico, mas é útil pois dá a magnitude e a importância da festa para Bahia.

Em relação a Salvador, a importância é maior ainda. Estima-se, por exemplo, que a cidade vai receber quase 1 milhão de turistas e a ocupação hoteleira, será superior a 90% e chegará a 100% em áreas próximas à folia. Serão  criados milhares de empregos temporários nos dias de festa e a folia deve injetar R$ 1,7 bilhão na economia soteropolitana. Além disso, o Carnaval traz o Brasil para Salvador, pois estima-se que  400 mil turistas de outros estados venham curtir a festa, e são turistas com maior poder aquisitivo, que  gastam mais, ocupam os melhores hotéis, os camarotes mais caros e os melhores blocos. Outros 500 mil turistas vêm do interior e significa mais gasto diário na cidade. Esse turista é importantíssimo e mesmo quando não fica em hotéis e prefere a casa de amigos ou o aluguel de temporada seu um gasto médio é bem maior que o do morador. 

Geração de emprego

Some-se a isso cerca de 36 mil turistas estrangeiros e está montada toda uma economia que, embora voltada para o prazer, dinamiza vários os segmentos econômicos. E não vamos esquecer que essa movimentação dinamiza também o setor imobiliário com o aluguel de apartamentos e casas tanto para quem quer curtir o Carnaval, como para quem quer ficar longe dele.

Carnaval é geração de emprego na veia. Estima-se que, em Salvador, cerca de 200 mil pessoas estarão ocupadas em função da festa,  mobilizadas pelo trabalho no circuito propriamente dito ou nas áreas de alimentação, hospedagem, bebidas, transportes, segurança, comércio e no mercado informal. É verdade que  cerca de 70% desse mercado é caracterizado pela baixa remuneração e entra no dia a dia dos trabalhadores como um bico sazonal, mas é de enorme importância para as pessoas e para a economia de uma cidade pobre.

E, nesse sentido, o Carnaval de Salvador tem ainda duas outras especificidades: a pobreza e a juventude. Pobreza, porque  cerca de 60% dos foliões recebem entre um e cinco salários mínimos.  E juventude, porque mais de 70% dos foliões estão na faixa entre 18 e 40 anos. Isso significa que a renda disponível para consumo não é tão grande, mas, ainda assim, o apelo da festa é enorme e o aumento de consumo é inevitável.

O fato é que o carnaval representa mais oportunidades de emprego, renda e negócios em várias localidades da Bahia. E em Salvador, que tem o maior carnaval do mundo, ele é o clímax de um ciclo de festas que injeta movimentação econômica nas veias da cidade.

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