SALVADOR
Especialistas iniciam processo para a reconstrução do monumento à Cidade
Por Vitor Castro*

Uma vistoria realizada na quarta-feira, 8, integra parte da primeira etapa de reconstrução do Monumento à Cidade de Salvador, que no último dia 21 foi completamente destruído pelo fogo. Especialistas realizam o cadastramento da parte estrutural da obra, já que não há plantas da parte interna da estrutura.
A diretora de patrimônio e humanidade da Fundação Gregório de Matos (FGM), Milena Tavares, acompanhou a vistoria inicial e explicou que esta é uma etapa importante do processo, já que se trata do esqueleto que, futuramente, sustentará toda a estrutura.
"É um momento de muita complexidade, por isso requer que sejamos muito criteriosos para que não haja falhas futuras. É interessante notar, por exemplo, que a estrutura anterior era de ferro o que sofria com o salitre vindo do mar. Agora estamos avaliando o custo benefício de se utilizar o aço, mesmo que tenha um custo um pouco mais elevado, se for para ter uma durabilidade maior", explicou.
O engenheiro Otávio Cravo, filho do artista plástico Mário Cravo Jr. – que concebeu a obra nos anos 70 –, também acompanhou a vistoria. "A proposta é que eu esteja à frente da obra para participar. Estamos discutindo com a FGM e acho que chegaremos em um bom termo no sentido de garantir a concepção exata do que este monumento representa para todos nós", disse.
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Ele irá auxiliar no processo de reconstrução da obra. "Em 2001, um dos módulos da escultura caiu e eu refiz com meu pai. Então, digamos assim, é só repetir o mesmo trabalho que fizemos lá atrás", disse.
Ainda não se sabe qual o valor da reconstrução nem quanto tempo durará, mas o engenheiro acredita que após o processo burocrático, em oito meses a reconstrução deve ser concluída.
Ainda de acordo com ele, apesar de se ter especulado o uso de cimento para o corpo da escultura, será utilizada uma fibra de vidro auto-extinguível, diferente da utilizada anteriormente. "Essa fibra, se vier a pegar fogo ela apaga sozinha, se você botar uma fogueira embaixo, ela queima um pedacinho e apaga", explicou.
A diretora de patrimônio da FGM ressaltou o valor cultural e histórico da obra. "Nosso objetivo é garantir que se aproxime o máximo possível ao original. É uma obra de referência nacional, um elemento simbólico de da paisagem local", disse.
Sinistro
No dia 21 de dezembro do ano passado, por volta das 16h30 o Monumento à Cidade de Salvador, entregue à cidade nos anos 70 por Mário Cravo Jr. pegou fogo e foi destruído em poucos minutos.
A obra, cartão postal da cidade, era tombada pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac-BA) desde o ano de 2002.
*Sob supervisão da editora Meire Oliveira
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