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Em Serrinha, Procissão do Fogaréu completa 92 anos

Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, evento movimenta comunidade católica

Publicado quinta-feira, 28 de março de 2024 às 01:00 h | Autor: Miriam Hermes
A tradicional Procissão do Fogaréu acontece hoje e mobiliza a comunidade católica da região de Serrinha
A tradicional Procissão do Fogaréu acontece hoje e mobiliza a comunidade católica da região de Serrinha -

Reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, a Procissão do Fogaréu movimenta hoje a comunidade católica e simpatizantes do evento religioso de Serrinha e região, mantendo uma tradição que completa 92 anos em 2024. O evento faz parte da Semana Santa da diocese local, com organização da paróquia da Catedral e acontece depois da abertura do Tríduo Pascal.

Considerado a celebração mais importante da fé cristã, de acordo com padre George Roberto dos Santos, pároco da Paróquia da Catedral Senhora Santana, o tríduo começa com o Lava-pés e a Santa Ceia e só termina no sábado com a Vigília Pascal, revivendo a prisão, o suplício e morte de Jesus Cristo.

Neste contexto a Procissão do Fogaréu representa o momento em que os soldados sobem o Monte das Oliveiras para prender Jesus e sairá de frente da catedral, seguindo pelas ruas da cidade até o alto da Colina da Santa. Como parte dos rituais do dia, no início e no final da procissão serão encenados dois atos da Paixão de Cristo pela Companhia de Teatro da Catedral.

O efeito bucólico acontece com a utilização de pequenas tochas carregadas pelos devotos e que podem ser retiradas a partir das 16h na Frente da Antiga Matriz e na Catedral. Este ano, em acordo com a Campanha da Fraternidade, as pessoas estão convidadas a doarem alimentos ao retirar as tochas, que serão distribuídos entre famílias necessitadas.

Para a gerente de hotel em Serrinha, Mercês dos Santos, “a procissão é um momento de grande beleza e manifestação da fé, que emociona a quem está participando e também quem não consegue mais subir a serra e fica nas residências e calçadas vendo a procissão passar”. Ela, que já subiu muitas vezes, agora tem dificuldades e prefere ficar assistindo.

Hoje pela manhã a programação da Quinta-feira Santa começa com a Missa dos Santos Óleos, às 10h na catedral, presidida pelo bispo diocesano, Dom Hélio Pereira dos Santos, e concelebrada por todos os padres da diocese, que renovarão as promessas sacerdotais. Até 31 de março uma série de eventos reúne os católicos, culminando com as celebrações da ressurreição, no domingo de Páscoa.

A tradicional programação já está movimentando a cidade, conforme a professora Maria Angela, que está preparada para receber visitas, como acontece todos os anos. “Vem parentes meus e do marido. A casa vira uma pousada”, disse entre risos. Apesar da seriedade do momento religioso, eles aproveitam para fazer um almoço especial na Sexta-feira Santa, e “todos vêm para participar da procissão, que faz parte das nossas famílias há muitas décadas”.

Patrimônio baiano

O reconhecimento da Procissão do Fogaréu como Patrimônio Cultural Imaterial do estado, por parte do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) foi publicado no Diário Oficial em 31 de agosto de 2019, para resguardar a continuidade do evento, considerado um dos atrativos do turismo religioso baiano.

Conforme a história registrada pela Igreja Católica, no início da década de trinta do século passado em um cenário de grande seca, o recém-nomeado padre Carlos Olympio Sylvio Ribeiro, pároco da Freguezia de Serrinha, organizou procissões de penitência rezando pelo fim da estiagem e do sofrimento do povo.

Desde então a comunidade religiosa mantém a manifestação, coordenada pela igreja, em parceria com a Prefeitura Municipal, a Câmara de Vereadores e o Governo do Estado da Bahia, bem como o Ipac, a Polícia Militar, a Guarda Municipal e Agentes de Trânsito, que apoiam na sinalização.

Os cerca de cinco quilômetros do trajeto entre a Catedral até a Colina da Santa (onde tem uma imagem da padroeira Nossa Senhora de Santana), são percorridos pelos fiéis portando as tochas com velas acesas, entoando cânticos penitenciais e a Ladainha de Todos os Santos, com diversas paradas para o toque da matraca.

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