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Dicas para a gestão das despesas do carro

Especialistas alertam para a necessidade do planejamento financeiro adequado

Publicado quarta-feira, 03 de janeiro de 2024 às 06:20 h | Autor: Núbia Cristina
Manutenção preventiva faz parte da planilha de custos
Manutenção preventiva faz parte da planilha de custos -

O ano está começando e com ele a necessidade de organizar as finanças pessoais para evitar dores de cabeça. Quem tem carro sabe que as despesas com o veículo têm impacto importante no orçamento. Os custos não param nunca, mas no ano novo é preciso planejar o pagamento do IPVA. E não apenas isso: automóvel tem custo com manutenção, seguro, parcelas e taxas do financiamento ou consórcio, na maioria das vezes, e até despesas com multas e sinistros.

Uma boa notícia: o IPVA vai ficar em média 2,61% mais baixo em 2024 na Bahia, de acordo com a Secretaria da Fazenda do Estado (Sefaz-Ba). A queda foi puxada pelos automóveis, que terão recuo médio de 4,25% no imposto, e pelos utilitários, cuja redução será de 5,22%. É possível pagar o imposto à vista, com descontos, em qualquer instituição bancária, via pix. 

Há duas opções de desconto: 15% para quem optar pelo pagamento em cota única até 7 de fevereiro, e 8% caso o contribuinte faça a quitação no vencimento da primeira parcela do parcelamento previsto para o seu veículo, fixada de acordo com o calendário anual.

Estudo

O estado da Bahia manteve, por outro lado, as possibilidades de parcelamento em cinco vezes e de desconto no pagamento antecipado do IPVA à vista, em cota única. O parcelamento será feito conforme calendário anual que leva em conta o número final da placa do veículo. 

Vale a pena conferir o estudo realizado pela Fundação de Pesquisas Econômicas – Fipe, responsável pelos cálculos para confecção da Tabela de Valores Venais dos veículos em circulação no estado, que leva em conta os preços praticados em outubro de 2023. A tabela pode ser conferida no site www.sefaz.ba.gov.br, canal Inspetoria Eletrônica => IPVA => Base de Cálculo dos Veículos Automotores. 

De acordo com a tabela, a queda do IPVA será menor para as motos, que terão o imposto reduzido em 0,46%, e os ônibus e microônibus, que pagarão 0,10% a menos. Apenas os caminhões terão aumento médio de 1,69% no IPVA, também como reflexo do cenário do mercado atual para esses veículos. 

Pagar à vista?

O especialista em mercado automotivo, doutor e mestre em Administração, Eder Polizei, pondera que é preciso levar em conta alguns fatores antes de tomar a decisão de pagar o IPVA parcelado ou à vista. “Compare o desconto com a inflação e avalie o custo de oportunidade. Vale a pena tirar agora um dinheiro da sua conta, comprometer  fluxo de caixa para quitar à vista? Às vezes não. Se há dívidas maiores ou mais urgentes, não vale a pena, melhor parcelar. Mas se há dinheiro no caixa e não há outras dívidas, pagar à vista é melhor”. 

Quem compra um automóvel por financiamento ou consórcio, por exemplo, tem as despesas/parcelas e taxas dessas modalidades, além dos custos com estacionamento, combustível, manutenção preventiva, seguro etc. Tem gente que insiste em ter a posse do automóvel, mas não faz planejamento financeiro, então atrasa parcelas do financiamento, não paga IPVA em dia, não faz manutenção preventiva adequadamente.

“Isso é uma bola de neve. Quanto mais você atrasa os pagamentos e não planeja os gastos, pior fica a situação no médio e longo prazo. Há pátios cheios de carros a serem leiloados porque as pessoas não avaliam adequadamente os custos e despesas para manter um automóvel”, comenta o administrador. “Muitas pessoas compram carro de forma emocional e não fazem conta para saber se deveriam fazer essa despesa. E na maioria das vezes não há mesmo necessidade desse automóvel”, diz. “Se a maioria das pessoas fizesse conta de todas as despesas para manter um carro ao longo do ano, elas não comprariam carro”, pondera.

Vender o carro e usar app ou transporte público é a solução em alguns casos de endividamento? “É a solução em muitos casos. Antes, é importante entender qual a frequência de uso do carro, quilômetros rodados etc. Para a grande maioria das pessoas não faz sentido mobilizar um alto valor só para ter o carro de forma regular. Se você usa o veículo de forma não constante, em muitos casos, transporte público ou por aplicativo vai atender suas necessidades”.

Mas se o uso for constante e o automóvel for utilizado para o trabalho, vale a pena pensar em fazer contrato de assinatura do veículo.  “Quando o uso é constante, ou mais comercial, com retorno financeiro do veículo, é preciso ter um carro sempre novo, essa é uma boa opção. Isso porque os contratos incluem seguro, manutenção, controle de multas, gestão e outros serviços”.

Polizei destaca que é preciso seguir a regra dos três terços: um terço da receita deve ser destinado para o pagamento das despesas e custos do dia a dia; um terço para investimentos - onde podem estar incluídos custos com manutenção e financiamento do veículo - e um terço para poupar/investir. “Em geral, brasileiro não tem educação financeira e não faz planejamento financeiro. É por isso tanta gente está endividada”.

O assessor financeiro, Ed Santos, da Seja Finance Inteligência Financeira, é um exemplo de quem descobriu que não precisava comprometer boa parte do orçamento doméstico com as despesas do carro. Há uns três anos, vendeu o veículo e passou a utilizar transporte público e por aplicativo. 

Ele mora a pouco mais de três quilômetros do trabalho, perto da praia e concentra no bairro suas atividades de esporte e lazer. “A opção de alugar um carro quando há uma viagem ou passeio distante é muito mais viável. Eu reduzi meus custos de locomoção drasticamente ao vender o carro. Para mim, a palavra liberdade resume tudo isso. Eu coloquei tudo na planilha, comparei. Hoje o que eu gastaria com a propriedade do carro, eu invisto, faço outros usos”.

Economista, professora e consultora empresarial, Sueli de Paula também abriu mão de ter a propriedade do carro e hoje usa transporte por app e transporte público. “Ganhei agilidade. Paradas mais rápidas, já que não preciso estacionar e nem ter custo com estacionamento, que está caríssimo”. 

Ela pondera que é preciso planejamento financeiro a todo o momento. “Todos devemos ter a previsão mensal das nossas despesas, evitando o descontrole do orçamento doméstico. E não comprometer mais de 30% da renda com despesas do carro ou financiamentos”.

Para o economista e conselheiro do Corecon-BA, Edval Landulfo, “planejamento financeiro é a chave do negócio”. Ele ensina que os proprietários de veículos devem planejar sempre e se organizar para as despesas do início do ano, antes de janeiro. “Muitas vezes, reservar uma parte da receita para investir em renda fixa, permite um ganho que pode fazer frente a algumas despesas. Por isso é preciso avaliar o valor do desconto para parcelamento do IPVA, por exemplo”. 

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