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Influencers de livros celebram impacto de seus conteúdos nos jovens

Portal A TARDE conversou com influenciadores literários na Bienal do Livro Bahia

Publicado domingo, 28 de abril de 2024 às 18:23 h | Atualizado em 29/04/2024, 00:04 | Autor: Edvaldo Sales
Patrick Torres, escritor e produtor de 25 anos, durante Bienal
Patrick Torres, escritor e produtor de 25 anos, durante Bienal -

A Bienal do Livro Bahia, que acontece no Centro de Convenções Salvador, entre os dias 26 de abril e 1° de maio, tem reunido leitores, escritores e criadores de conteúdo de várias partes do Brasil. Este é o momento perfeito para as pessoas conhecerem e conversarem com alguém que elas admiram, como os influenciadores literários, por exemplo.

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Em entrevista ao Portal A TARDE, Patrick Torres, de 25 anos, autor do livro “O cozer das pedras, o roer dos ossos” e que também cria conteúdos sobre literatura na internet com um jeito leve e descontraído, falou sobre o impacto do seu trabalho nos seus seguidores.

“Eu acho que a gente ainda vive na literatura brasileira um cenário de atenção ao que se consome muito delicado. Eu acho que não estamos em um lugar onde a gente pode dizer que estamos confortáveis com a literatura brasileira atingindo um público em formato de massa, das pessoas terem uma visão de acolhimento mesmo para o que a gente produz na literatura brasileira”, disse o piauiense.

E enquanto escritor de uma literatura que eu gosto de chamar de regional, enquanto um leitor da nossa literatura do Brasil de dentro, enquanto um amante da literatura brasileira da clássica à contemporânea literatura brasileira, eu dedico a minha produção de conteúdo e a minha literatura à celebração da nossa cultura artística e literária. Eu gosto de falar do Brasil, eu gosto de pensar o Brasil na literatura e de debater e de comentar a literatura brasileira. Patrick Torres, escritor e influencer literário

Ele destacou que quando olha para a possibilidade de atingir muitas pessoas através da internet, falando de literatura, fica muito feliz com “a possibilidade de fazer isso comentando a literatura brasileira, celebrando a nossa literatura, diversificando o jeito de atingir esse público com os nossos textos”.

“E aí, olhando para tudo isso, é importante avaliar que o impacto disso acontece a longo prazo. Não é de imediato que as pessoas vão sair, depois de um vídeo meu, com um desejo enorme de ler os contemporâneos do Brasil, que disputam o espaço de mercado com grandes livros norte-americanos que invadem o nosso território, que vendem muito, que recebem grande atenção e grande investimento, não só das editoras, mas também das livrarias e do próprio público que se interessa por isso, através de um viés de admiração mesmo do que vem de fora”, enfatizou.

Patrick falou ainda que é “muito interessante pensar que o seu trabalho vai para uma perspectiva de “quebrar esse ciclo de certa forma e de abordar o novo dentro dessa perspectiva, dessa brincadeira de pensar a literatura brasileira, que não é brincadeira, não é coisa séria”. “O que eu gosto de pensar é que é um trabalho de formiguinha que vai surtir efeito a longo prazo e que busca celebrar, valorizar e diversificar o cenário da literatura discutida no Brasil a partir de um olhar voltado para o que se produz na literatura brasileira, porque, para mim, é isso que motiva e direciona o que eu faço na internet. Eu gosto de fazer os jovens pensarem por esse lado também”, completou.

Salvador em destaque

Quem também marcou presença na Bienal foi o estudante de Jornalismo e criador do canal Literaneto, Ivan Neto, 24 anos. Soteropolitano, apaixonado por livros e por falar sobre as obras que consome, ele afirmou ao Portal que começou nesse mundo de influencer literário sendo uma pessoa que foi completamente motivado por criadores de conteúdo.

“Eu estava ali na minha pré-adolescência, fiquei sem celular e falei ‘meu Deus, o que que eu vou fazer da minha vida com 14 anos?’. Aí, eu fiquei muito viciado numa série, ‘Shadowhunters’, e descobri que tinha livros, coloquei no YouTube, descobri uma booktuber, na época era a Kabook, e aí ela era muito amiga de outros booktubers, aí conheci o Paulo Ratz, que veio para Bienal da Bahia. E aí fui formando muito do meu gosto literário em cima do gosto deles, e aí depois eu virei um criador de conteúdo na pandemia, e muito por influência deles”, contou.

Neto disse ainda que se sente realizado de saber que uma pessoa foi influenciada pelo seu trabalho por saber que foi como ele começou.

Eu acho isso muito bonito. E também queria ressaltar a importância da Bienal da Bahia, porque está cheia todos os dias, está incrível. Ivan Neto, criador de contéudo
Ivan Neto produz conteúdo sobre livros
Ivan Neto produz conteúdo sobre livros |  Foto: Edvaldo Sales | Ag. A TARDE

Ele pontua ainda a vinda de criadores de conteúdo do sudeste: “Vieram para poder fomentar a importância da criação de conteúdo online dentro dessa bienal, que a cada dois anos vem crescendo, a cada edição vem trazendo muita gente. Você vê que a grande maioria do público é jovem, está rolando exposição para pegar autógrafo, tirar uma foto, as filas estão cheias. É a demonstração do impacto que a criação de conteúdo vem tendo para a literatura nacional”.

Para a jovem Emily Ráinan, 22 anos, que divide a produção de conteúdo sobre literatura com a faculdade de Fisioterapia, é uma experiência “meio doida” influenciar outros leitores.

“E ser leitor é muito estereotipado, eu acho que a gente que está na internet, que está fazendo conteúdo agora, tem quebrado esse estereótipo de mostrar que nós estudamos, trabalhamos, temos uma vida e também somos leitores, e que essa leitura pode agregar além das paredes do nosso quarto. Estar na Bienal do livro está sendo uma experiência meio única e a gente se sente um pouco mais visto, um pouco mais valorizado pelos corredores encontrando outros criadores de conteúdo e sentir que a gente está além daquela tela. Conhecemos as pessoas cara a cara”, destacou.

Além de influenciadora, Emily Ráinan também faz faculdade de Fisioterapia
Além de influenciadora, Emily Ráinan também faz faculdade de Fisioterapia |  Foto: Edvaldo Sales | Ag. A TARDE

Ráinan ressaltou que ser criador de conteúdo no nordeste é uma experiência diferente de quem faz o mesmo trabalho no sudeste. “E para a gente, a Bienal, esse ano principalmente, está sendo uma forma de ser mais visto, de poder ver um pouco de como o nosso trabalho tem impactado outras pessoas”.

Por fim, ela falou um pouco sobre como equilibra todos os afazeres:

É uma coisa muito louca. Eu tento levar a leitura como um escape. Então, na minha rotina, se eu estou na faculdade, eu pego o kindle e vou ler um pouco. Estou na academia fazendo esteira, eu pego eu leio mais um pouco. Não é fácil conciliar. É muito fácil chegar no final do dia e querer deitar e dormir. Mas eu acho que você tem que ver o que é prioridade para você. Para mim, a leitura é prioridade. Emily Ráinan, criadora de conteúdo

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